sábado, 31 de janeiro de 2009


Ao criar Hellboy para os quadrinhos, em 1991, Mike Mignola diz jamais ter imaginado ver seu super-herói esquisitão no cinema. Até assistir a um filme de Guillermo del Toro. “Vi que ele era ‘o’ cara para mostrar a mitologia do personagem”, afirma Mignola). Até mais do que no primeiro filme, de 2004, em Hellboy II – O Exército Dourado (Universal), recém-lançado em DVD, Guillermo del Toro prova ter feito por merecer a confiança de Mignola.
Famoso pelos três Oscars recebidos com O Labirinto do Fauno (2006), o cineasta mexicano combina elementos da natureza, formas humanas e símbolos primitivos para criar seres imaginários que contracenam com humanos. Ou quase humanos, como Hellboy (Ron Perlman). Demônio invocado pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial e capturado pelas Tropas Aliadas, Hellboy é criado por um bondoso padrasto e vira um diabo do bem. Entra para a Agência para Pesquisas e Defesa em Paranormalidade – uma CIA do Além –, tem os chifres aparados e desenvolve seus poderes. Escrachado e sem dilemas existenciais, ele terá de apaziguar a revolta de um certo mundo subterrâneo: o príncipe Nuada, herdeiro dos elfos, quer ressuscitar um exército de máquinas douradas adormecido há milênios para se vingar dos homens e sua destruição da natureza. A trupe formada por Hellboy, sua namorada, Liz (Selma Blair), o robô Johann e o desajeitado Abraham Sapiens sai em busca do Q.G. de Nuada para frustrar esses planos. O enredo banal e previsível de Hellboy ganha ares de reflexão graças ao criativo e exuberante universo de Del Toro. Suas criaturas sombrias dão vida ao clássico tema da supremacia imposta por um mundo (povo?) sobre outro. E como essa dominação pode provocar o desaparecimento de um desses mundos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário