sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pânico 4




Quando o primeiro filme da franquia Pânico foi lançado em 1996, o que mais chamou a atenção do público foi a maneira como o longa conseguiu juntar ao mesmo tempo os sustos comuns nos filmes slash e uma paródia-crítica aos filmes do gênero, ressaltando seus clichês e fórmulas, culminando assim em um interessante e divertido exercício de metalinguagem. Além disso, o original possuía uma linha de raciocínio lógica e uma trama que foi mantida como base para a existência das duas continuações, resultando em uma trilogia que se fechava em si mesma. Dessa forma, muitos fãs se perguntavam como a série continuaria mantendo sua lógica depois de um ciclo fechado com a criação do que promete ser uma nova trilogia. O resultado, porém, eleva ainda mais o nível da história de Sidney, Gale e Dewey, os sobreviventes dos primeiros três filmes.

Nesta nova história, Sidney Prescott (Neve Campbell) retorna à cidade onde tudo começou para lançar um livro sobre sua nova vida. Mas a morte continua rondando a principal sobrevivente dos terríveis crimes e eles voltam a acontecer, deixando todo mundo (com trocadilho) em pânico. Será que ela morre desta vez?
Se o exercício metalinguístico do primeiro filme dizia respeito aos filmes slashs de terror; se o do segundo filme se referia basicamente a continuações puramente comerciais, dizendo que as continuações nunca superavam os originais; se o terceiro longa se focava em trilogias onde as “regras” dos originais eram quebradas, esse novo Pânico se baseia claramente em franquias que nunca tem fim ou a franquias que retornam depois de tempos esquecidas com remakes – com citações diretas a Jogos Mortais, Sexta-Feira 13 e Halloween. O roteirista Kevin Williamson (o mesmo da série inicial – Pânico 3, o mais fraco da franquia, foi escrito por Ehren Kruger baseado em anotações deixadas por Williamson para o desfecho da série) aposta nos mesmos diálogos rápidos e recheados de referências pop para abraçar seu novo público. Ele ainda cria referências e critica a Internet, com destaque para Facebook, Twitter e não-diretamente-citado YouTube, além de ótimas referências a filmes anteriores da série e a, de longe, melhor introdução da franquia. Trazendo uma conclusão (por conclusão leia-se “identidade do Ghostface + motivo”) que perde apenas para o original – as motivações do Ghostface do longa de 96 eram um pouco mais surpreendentes, bem boladas e menos moralistas –, Pânico 4 veio para resgatar a ideia de que o que filmes de terror precisam é apenas de um roteiro e história bem estruturados e atuações que ultrapassem os berros. Porém, é como Sidney diz lá pelas tantas do filme: “O remake nunca supera o original”.

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